sexta-feira, agosto 18, 2006

Todo Cuidado é Pouco

Raúl Castro diz que Fidel está bem e prepara país contra EUA

Da France Presse

18/08/2006
07h24-HAVANA (Cuba) - O governante provisório de Cuba, Raúl Castro, afirmou que o irmão Fidel está melhor de saúde e que o país está mobilizado com tropas, além de dezenas de milhares de reservistas e milicianos, contra uma agressão dos Estados Unidos, na primeira entrevista desde que assumiu a presidência da nação de maneira interina, publicada na edição desta sexta-feira do jornal Granma.

"Foram adotadas medidas para prevenir qualquer tentativa de agressão. O povo está dando uma contundente demonstração de confiança em si mesmo", disse Raúl Castro, em uma ampla entrevista publicada com o título "Nenhum inimigo poderá nos derrotar".

Estas foram as primeiras declarações públicas de Raúl Castro desde que assumiu temporariamente o poder na ilha no dia 31 de julho, devido à cirurgia no intestino a que foi submetido o presidente cubano Fidel Castro, de 80 anos. Raúl Castro, ministro das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), de 75 anos, afirmou que o irmão segue uma recuperação satisfatória e gradual, graças à atenção médica e à sua "extraordinária natureza física e mental".

O governante provisório fez uma advertência: "Em Cuba, nunca desconsideramos uma ameaça do inimigo". A frase era uma referência ao plano aprovado pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para acelerar uma transição política em Cuba. "Que outra forma existe de alcançar este propósito que não seja a agressão militar? Portanto, o país adotou as medidas pertinentes para contra-atacar este perigo real", afirmou.

A entrevista é ilustrada com duas fotografias de Raúl Castro no gabinete de governo.
O general do Exército garantiu que assim que Fidel divulgou o decreto no qual delegava os poderes, às três da madrugada de 1º de agosto, decidiu "elevar de maneira substancial" a capacidade e disposição de combate do país.

Entre as medidas citou a mobilização de dezenas milhares de reservistas e milicianos, além da preparação das principais unidades das tropas oficiais, incluindo as Tropas Especiais, para a missão exigida pela situação político-militar.

"Todo o pessoal mobilizado cumpriu ou cumpre no momento um importante ciclo de preparação e coesão combativas, parte dele em condições de campanha", explicou. Raúl Castro acrescentou que todos os reservistas e milicianos ficarão a par da data de incorporação às unidades e do tempo de permanência nas missões de defesa do país. "Até o momento, a mobilização que iniciamos em 1º de agosto se desenvolve de maneira satisfatória", destacou.

"Não é meu propósito exagerar perigos. Nunca fiz isto. Até agora os ataques dos últimos dias não passaram de retórica, exceto o aumento substancial das transmissões subversivas de rádio e televisão contra Cuba", acrescentou. O irmão de Fidel Castro recordou que Bush disse na semana passada que "tomará nota" das pessoas contrárias a uma transição, o que considerou uma "grande estupidez".

"A esta altura, deveriam saber que com imposições e ameaças não é possível obter nada de Cuba. Porém, sempre estivemos dispostos a normalizar as relações em um plano de igualdade. O que não admitimos é a política prepotente e de ingerência que com freqüência a atual administração deste país assume", assinalou. Raúl aproveitou para aconselhar Bush: "Tome nota, como diz, dos anexionistas assalariados de seu Escritório de Interesses aqui em Havana, estes que vão receber as migalhas dos anunciados 80 milhões de dólares para a subversão, porque o grosso será distribuído em Miami, como sempre acontece".

Bush aprovou no dia 10 de julho o segundo plano de Ajuda a uma Cuba Livre (o primeiro foi em maio de 2004) que, para acelerar a transição política na ilha, destina 80 milhões de dólares à dissidência interna, assim como à rádio e televisão Martí, que Havana considera subversivas.

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